quinta-feira, 20 de março de 2014

Vampiro 4 : O Rockstar

Rock e vampiros

Eu e Vans estávamos numa fila enorme dum festival de música.
Enquanto isso, o sol estava se pondo no horizonte manchando o céu de laranja. Olhei bem para o Vans que estava bem na minha frente. Ri. Ri novamente. O Vans que tinha a minha frente não parecia nadinha com o Vans caçador de vampiros. Ele estava muito diferente.
O caçador de vampiros usava uma camiseta regata branca com aquela boca enorme do Rolling Stones, deixando a mostra os seus músculos rígidos. Vans tinha uma cabeleira negra enorme que tocava seus ombros.
Percebendo, que eu o encarava, ele virou-se e sorriu pela primeira vez. E algo muito engraçado acontecera: pela primeira vez, eu notara como os lábios, nariz e sobrancelhas dele formavam um conjunto harmônico e perfeito, qual se encaixava em seu rosto forte e quadrado.
-- Que foi?—perguntou ele erguendo a sobrancelha da esquerda.
--Nada... —respondi parecendo ter acabado de acordar de um coma. —Por que viemos a esse festival mesmo?—questionei tentando mudar de direção a atenção de Vans.
Ele me encarou por uns segundos como se estivesse tentando decifrar o motivo pelo qual o estava encarando.
Encarei de volta desafiadoramente.
--Temos um trabalho a fazer aqui... —respondeu desviando olhar.
Porém, antes que pudesse perguntar o que iríamos exterminar o portão que dava para área onde ocorreriam os shows, se abrira.

***

--Ei, quer ficar comigo?—perguntou um idiota de cabelo espetado segurando no meu braço.
No mesmo instante, deferi um chute na canela dele. Quem aquele babaca pensava que era para se aproximar de mim daquele jeito ou de qualquer outra garota?
Ao som de gargalhadas estrondosas de seus amigos, vi o garoto-babaca contorcer-se de dor até ele deitar-se no chão.
Ainda pude ouvi-lo, me xingar de “vagabunda” e “vadia”,enquanto grunhia de dor. A sorte dele foi que o chute que eu dera não fora para quebrar o osso da perna, pois se eu quisesse, facilmente o teria feito.
Procurei por Vans, no meio do tumulto de fofoqueiros que se formara ao redor, no entanto, não o consegui encontrar.
Onde ele teria ido?
***

Fora encontrá-lo, numa fila atrás dum dos vários palcos que ali tinha no festival.
--Que bom que você me encontrou!—exclamou Vans com um sorriso sarcástico de lagarto no rosto.
O que estava acontecendo com ele?
Normalmente, ele não agia daquela forma.
--Onde você estava?
--Aqui. —respondeu ele.
--Eu sei. Dãr!
--Então por que você perguntou se já sabia a resposta?—disse ele rispidamente.
Me aproximei dele e comecei a encará-lo.
--O que está acontecendo?
--Acontecendo o que?
--Você sabe muito bem do que estou falando Vans. Não se faça de idiota.
Vans apenas rira. Um riso que me pareceu forçado e insignificante.
Foi então que comecei a gritar:
--TÁ, QUAL É A SUA?O QUE ESTAMOS FAZENDO AQUI ? SEI QUE VIA A FESTIVAIS À ESMO COMO ESSE DAQUI NÃO COMBINA NADINHA COM VOCÊ! EM QUEM VAMOS ENFIAR A ESTACA HOJE?
Imediatamente, Vans me puxara pelo braço e me levando a um canto afastado da fila. Olhei para trás para ver se alguém tinha ouvido, mas as pessoas estavam tão centradas em conversarem umas com as outras sobre os shows, que nem me notaram.
-- Por que a gritaria?Você quer que nos descubram?—sussurrou.
Ele estava sério.
Ah, então era isso. Estava certa! Existia um plano por trás da nossa vinda aquele festival.
-- Quer saber? Pra mim tanto faz! Pelo menos se nos pegarem, ficarei sabendo do que nós viemos atrás— retruquei provocativa.
--O.k. Irei contar, mas peço para você ir ao banheiro se recompor. Não podemos correr o risco de suspeitarem da gente.
Olhei bem nos olhos dele para ver se o que ele acabara de falar era verdade.
Sim, era. Seus olhos castanhos, francos não mentiam.
***

--Amiga o que é isso no seu pescoço?—perguntou uma mulher ruiva de cabelos curtos.
--O que?—respondera a outra.
--Esses dois furos no seu pescoço, ó: - disse a ruiva puxando a amiga para frente do espelho. Esta retirou o lenço roxo que encobria o seu pescoço.
--Nossa, miga não sei o que é não... Será que foi algum bicho que me mordeu quando estava dormindo e nem me dei conta?— questionou a que estava com lenço.
--Duvido viu. Os furos são muito grandes para ter sido um mosquito.
--Não ligo. O importante é que consegui o número daquele vocalista daquela banda... Como é o nome mesmo?
--Necrópole?—lembrara a amiga de cabelos afogueados.
--Isso!
--Então miga me conta como ele é... Ele beija bem?—perguntou a outra laçando seu braço no da miga, dirigindo-se para fora do banheiro.
Sorri.
Então era isso.
                                            ***      

--Quem a próxima Julian?—perguntou um cara de calça rasgada sentado num sofá preto.
--Não sei David, mande entrar.
No camarim, entramos eu e Vans.
--Desculpe, mas a moça primeiro — anunciou David logo indicado a porta pra Vans.
Trocamos um breve olhar. E depois ele se foi.
--Como é seu nome?—perguntou Julian me observando de cima a baixo.
--Simone— respondi sorrindo, sentando-me ao seu lado.

***
Os olhos. Só fitava os olhos. Nada importava. Apenas aquele olhar.
--Então Simone, de qual música você mais gosta da banda?
--Eu gosto daquela “A volta do senhor das trevas”—respondi automaticamente.
-- Eu também.
--Posso pedir uma coisa?—pedi. Na verdade, implorava. Necessitava daquilo. Era algo muito mais forte do que eu podia controlar. Era como uma represa prestes a se romper.
--Pode.
--Me beija?
Ele sorriu e foi se aproximando até que seus lábios tocaram os meus.
Foi como beijar um cadáver.
Ou bloco de gelo.
--Que foi?Não gostou?
--Gostei.
--Então, por que você está com essa cara?
--É que... —disse agachando a cabeça acanhada.
--É o que? Vamos, responda—disse ele autoritário erguendo o meu queixo e me fitando. Estava me perscrutando, vasculhando.
--É que não estou sentindo o seu coração bater...
E antes que ele pudesse falar alguma coisa saquei a estaca escondida na manga da minha blusa e a finquei em seu peito.
Segundos depois Vans entra no camarim ofegante:
--Dei conta dos outros dois. Porém temos de sair daqui o quanto antes. Ligaram pra policia, alguém me viu acabando com os outros integrantes da banda.
--Ok.Vamos,logo então.
Saímos do camarim e nos deparamos com o dia raiando. E sem que Vans percebesse, dou uma olhada no pingente que ficara em cima das cinzas de Julian.

O que seria aquilo?

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